Saturday, October 23, 2010

Confissões de uma Mente Perturbada

Aviso já às pessoas mais impressionáveis, ou então àquelas que se preocupam mais comigo, que o título deste post não indica que enlouqueci ou que esteja com problemas psicológicos. Muito longe disso.

Maluco já eu sou há muito tempo.

Portanto, nada de novo.

Para mim, a grande diferença entre a malta que é, digamos, insana e o resto do pessoal é que os primeiros têm uma percepção bastante distorcida da realidade. Ou então são os segundos que a têm e os malucos é que estão correctos. Bom, é uma das duas. Importante é reter que os dois grupos de pessoas geralmente não estão em sintonia. Por isso é que uns vão para quartos almofadados, vestidos com coletes de força e sem televisão, e outros ficam cá fora, com cacetetes em punho, a vigiá-los.

Há ainda um terceiro grupo que também dorme em quartinhos almofadados mas esses não são malucos. São maricas. E esses já têm televisão.

Mas não deixemos que estas divagações nos desviem do tema essencial da postagem. Está na hora de dar voz às construções mais primitivas da minha consciência, um princípio tão imensamente irracional que nem com meses de terapia, hipnose ou mesmo porrada nos cornos, eu conseguiria controlar.

Falo dos meus sonhos.

Penso que neste altura da minha vida já consigo delinear um Top 3 dos meus sonhos mais imbecis. Toda a gente devia ter um. Mas espero para o seu bem que sejam um pouco mais normais do que os meus.

Bom, vamos então à partilha?

...

Não?

...

Estão ocupados, é?

...

A ver a Casa dos Segredos?

...

Não vos censuro.

...

Mas atenção que neste blogue o que se poupa em mularia ganha-se em parvoíce.

...

Já estamos a reconsiderar, hem?!

...

Sendo assim, aqui vai:


TOP 3 dos sonhos mais brutalmente insanos, alarves, preocupantes e ofensivos do Saguim


3ª posição

Já falei aqui sobre ele no Passado. Mas como entretanto a minha lista de leitores deste blogue já conta com um número um pouco maior do que 2 (eu e um psiquiatra anónimo, na altura), penso que vem a propósito recontá-lo.

Sonhei que tinha uma filha. Até aqui tudo bem. Já tive este sonho há uns aninhos, se calhar era demasiado novo para pensar nisso, mas lembro-me que tratava a minha filha com respeito e ternura. Mais do que isso, exibia-a com orgulho.

Tudo normal, não fosse a minha filha...

...

... UM CUBINHO DE CARNE DE PORCO À ALENTEJANA.

...

Andava com ela na mão, cantarolando pelo meio da rua, mostrando-a às pessoas. Estas, indiferentes ao facto da minha filha ser na realidade um pedaço da nossa gastronomia, cumprimentavam-na com o deleite normalmente dedicado às crianças. E eu sorria, embevecido.

Dada a ausência de mulher, talvez fosse normal assumir que eu era um pai solteiro. Mas tudo isso são "peanuts" quando a nossa descendência é carne de porco.

Lembro-me que apesar deste cenário horrendo ser, no sonho, considerado a coisa mais normal do mundo, eu tinha de estar constantemente a recordar-me que não podia levar a minha filha à boca e mastigá-la. Era um cubo de carne deveras suculento e se há coisa que o meu subconsciente não colocou de parte foi o meu apetite voraz e, digamos até, lambão.

Portanto, passeata sim senhor. Mostrar a filhinha aos transeuntes, muito bem. Mas sempre com ela fisgada para não cometer infanticídio.

Coisa que, inevitavelmente, acabou por acontecer. Distraído com alguma coisa fascinante daquelas que só acontecem nos sonhos, como a Luciana Abreu a fazer uma conta de somar por exemplo, acabei por trincar a minha filha várias vezes até me aperceber do horrível acto que estava nesse mesmo momento a cometer.

Cuspi-a para mão em desespero. Olhei para ela, mutilada que estava e envolta em baba, e berrei "NÃAAAAAAAAAOOOO!!!"

Depois, segui o meu caminho sem ter bem a certeza se estava viva ou morta. E foi mais ou menos nessa altura que devo ter acordado.


2ª posição

O segundo sonho já é mais recente e menos alusivo à culinária. Mas notem que também é estúpido!

Passava-se no meu anterior local de trabalho: uma agência de design e comunicação em Lisboa. Estava eu em plena actividade laboral, trabalhando em conjunto com um colega, quando se aproxima o meu director criativo. Aproxima-se e começa imediatamente a berrar comigo, diga-se.

O engraçado é que, em vez de estar a fazer um anúncio de imprensa, um flyer ou um outdoor, eu e o meu colega tínhamos como projecto criativo orientar o Benfica no Championship Manager, conhecido jogo de estratégia futebolística para PC. Portanto, até aí tudo ok.

Lembro-me que o meu director criativo berrava irado pela minha fraca prestação enquanto eu berrava de volta explicando-lhe que no final da primeira volta o Benfica encontrava-se a apenas um ponto do primeiro classificado e que ainda se mantinha tanto na Taça de Portugal como na Liga Europa. Ainda por cima, era nosso o melhor marcador do campeonato. Por estas e por outras, parecia-me claramente que o homem estava a aparvalhar sem olhar aos resultados.

No entanto, berrávamos incessantemente um com o outro, de olhos esbugalhados, trocando acusações de forma arbitrária.

Ora, tudo isto seria normal se o meu director criativo não tivesse por detrás dele, e durante o tempo todo da discussão, um anão de cabelo à tigela que me atirava constantemente bananas e carrinhos de brincar.

Para quem acha que tem um bug no computador e que um qualquer vírus lhe colocou palavras estapafúrdias nas últimas frases eu não me importo de repetir...

UM ANÃO...

... COM CABELO À TIGELA...

... QUE ME ATIRAVA CONSTANTEMENTE BANANAS E CARRINHOS DE BRINCAR.

...

Isto enquanto o meu director criativo gritava comigo porque achava que a minha prestação como treinador virtual do Benfica não era certamente a melhor.

Estão a ver a bizarria da situação...

Ora, eu não tenho nada contra os anões. Confesso que detesto couves de bruxelas, que sabem mal com'ó raio, mas a minha aversão às miniaturas fica por aí. Mesmo assim, fui sonhar com este detestável nanico que não me deixava concentrar nos insultos a dirigir àquele que se auto-intitulava "o meu tutor". Coisa deveras irritante.

Além disso, bananas e carrinhos de brincar? Porquê?!!! Qual a relação entre as duas coisas? É que um carrinho de brincar até percebo. Aquilo atirado com força e com jeitinho vai-se a ver e ainda vaza uma vista... agora as bananas é que me transcendem completamente. Assim como a porra do cabelo à tijela, uma das piores ideias ao nível da estética capilar de sempre e enorme trauma de infância. Sim, também o usei em tempos. Mas anão felizmente nunca fui.

Bom, depois de muito comer com carrinhos e "bananedo" na tromba, as coisas serenaram. O meu chefe estendeu-me a mão, fez as pazes comigo, e, educadamente, mandou-me pr'a rua. E eu fui, feliz da vida por abandonar um sítio que admitia anões raivosos e cortes de cabelo foleiros. Deve ter sido mais ou menos nesta altura que acordei.


1ª posição

E, como quem não quer a coisa, chegámos ao primeiro lugar. Sei que acham que já leram estupidez suficiente mas se já chegaram até aqui mais vale constatar a demência na sua totalidade. Desistir seria como recuar a cinco metros de atingir o cume do Evereste e perder a oportunidade de morrer com falta de ar. É mais ou menos aquilo que pode acontecer a quem ler o que se segue.

Ora, no sonho, acordei de manhã e reparei que não tinha metade das pernas.

Tudo tranquilo.

A partir dos joelhos, tinha apenas uns pequenos e singelos coutos que praticamente não me serviam para nada. Portanto, acordei de manhã e constatei que não me iria conseguir levantar. Isso e que dificilmente voltaria a andar na vida.

Mas não me importei muito. Há coisas piores. Entalar a pila na braguilha, por exemplo. Quem já fez isto com certeza trocava de bom grado os segundos intensos de dor por um ou dois membros.

Acordei sem pernas e deixei-me estar. À espera que a coisa se resolvesse. Tentei recordar-me, a título de curiosidade, porque é que raios é que as tinha perdido assim. É sabido que sou distraído e que podia facilmente tê-las deixado em qualquer sítio, mas era pouco provável que me tivesse esquecido logo das duas.

Lembrei-me então que no dia anterior me tinha atirado para dentro de uma debulhadora de milho. E fiquei mais sossegado porque já sabia o que tinha acontecido.

Podia ter ficado deitado na cama, sem me mexer, sentido pena de mim próprio. Mas como nunca me senti triste, antes longe disso, lembrei-me de um tipo que tinha visto na Oprah que, sem braços nem pernas, fazia a sua vida, trabalhava e até jogava à bola com pessoal "inteiro". Esta parte era particularmente ridícula, com uma série de tipos em pontas dos pés a tentarem atingir o esférico sem acertar violentamente com um pontapé na boca do desgraçado que se arrastava pelo campo como uma sardanisca, mas pronto... o certo é que ele andava lá pelo meio e não devia nada a ninguém.

Inspirado pelo nobre exemplo deste bravo lá me comecei a equilibrar nos meus coutos, a pouco e pouco. Sem grandes demoras, e sempre com um sorriso na cara, conseguia agora até dar alguns passos, deixando de fazer grande diferença se tinha canelas ou não.

Foi então que apareceu a minha mulher...

Dei-lhe um abraço vitorioso e apaixonado...

E toda a alegria e força de lutar que sentia desvaneceram-se.

...

Comecei a chorar, em desespero.

...

É que eu conseguia lidar bem com o facto de não ter metade das pernas.

Para mim, viver o resto da vida aleijado e fisicamente limitado não me causava transtorno.

AGORA, SER SIGNIFICATIVAMENTE MAIS BAIXINHO DO QUE A MINHA MULHER É QUE NÃO!!!

Há limites e eu tinha encontrado os meus.

Foi mais ou menos nessa altura que devo ter acordado.

...


Bom, moral da história: não há.

Apenas me apeteceu divulgar ao mundo coisas que não lembram ao diabo.

Agora vou dormir, com o desejo sincero que o meu sonho envolva o prémio do euromilhões, o Benfica campeão europeu e todo o sushi que conseguir comer.

Sem cubos de carne de porco.

Sem anões pimba.

E sempre...

SEMPRE!

... mais alto do que a minha mulher!

8 comments:

Paulo António said...

Não sei o que dizer!!!
Ser maluco tudo bem mas, os sonhos descritos não são dementes, são...AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
Bom, vou tomar um xanax xr, beber um gin tónico, fumar um charro, antes que os senhores de bata branca batam à porta.

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

Vânia Duarte said...

Eu começo realmente a ter medo de trabalhar contigo, comeco sim....:-D

André Oliveira said...

Só agora, Vânia???!!!!

Devo estar a fazer alguma coisa mal! eheh

André Oliveira said...

Pai, é bem visível de quem é que eu herdei esse factor AHHHHHHHHH!!!

Eheheh :D

Vânia Duarte said...

acho que vou comecar a levar um frasquinho de gás pimenta na mala...só para prevenir!!!

André Oliveira said...

O gás pimenta não se vende em frasquinhos, pá! É em latas...

Betinha da Amadora! ahahahah :D

Peres said...

Tens pormenores deliciosos neste post, ahahaha...nem sei por onde começar...pá, devias fazer como o Fellini, anotar os sonhos num caderno para mais tarde transformá-los em filmes...no teu caso, em BD,lolol. O David Lynch é que podia aprender contigo mais sobre a estranheza dos sonhos! Continua!

André Oliveira said...

Ahahah o Lynch está noutro patamar da bizarria... Obrigado amigo.