Saturday, May 8, 2010

Eu se pudesse...

Já não é a primeira vez que afirmo que, se pudesse ou tivesse oportunidade, faria um singelo par de operações plásticas. Duas únicas alterações no meu aspecto físico.

Bom, quem me conhece pode agora perguntar: "Então mas tu com esse aspecto de manatim com bócio, se fosses capaz, não preferias ir mais longe e fazer toda uma panóplia de upgrades que evidentemente te estão a faltar?" Nesse caso, eu responderia: "Não."

Não, por preguiça apenas.

É muito mais fácil isolar uma sala, aplicar um soalho flutuante ou pintar uma cómoda (aviso que a partir de hoje todas as minhas analogias vão ter a ver com bricolage, prática na qual sou talento impressionante) do que criar tudo a partir da raiz. Principalmente se esse tudo tiver sido adquirido na Moviflor, as coisas lá são bem mais complicadas de montar do que as do IKEA.

Já eu, não fui comprado na Moviflor. Pelo que sei vim num pack oferta do "Rei das Meias" juntamente com quatro pares de peúgas de lã virgem e umas ceroulas. E de qualquer maneira sou demasiado complexo para me querer cansar a decidir dezenas de operações que finalmente me iriam tornar no Apolo que todos concordam que nasci para ser. É trabalheira que não quero e, como tal, concentrei os meus objectivos em apenas duas operaçõezinhas.

E assim voltamos à conversa inicial. Como o Pastel de Belém que não passa de um Pastel de Nata pretencioso: na volta, vai dar ao mesmo (afinal nem todas as minhas analogias são de bricolage... Maldição! Amo demasiado a pastelaria para deixá-la de fora!)

Duas cirurgias plásticas. Duas apenas. O primeiro número par. Dois.

No Benfica, é o Airton. Nos jogos de cartas parece que não vale muito. Na natureza, vale uma descendência. Nos parquímetros vale cerca de hora e meia...

Chega então o momento de desvendar qual seriam as malvadas, não é?

Pois é.

Então respirem fundo e procurem não negar à partida uma ciência que tenho a certeza que desconhecem por ser demasiado alternativa e, porque não dizer, avançada para as vossas mentes humildes.

Cá vai...

1ª - Adição de uma cauda de castor.


2ª - Adição de bolsas faciais (como as dos hamsters).


...


Eu não disse que isto era demasiado à frente para vocês?

Aposto que neste momento estão todos a chorar os segundos que já perderam a ler aquilo que inteligentemente denominam como "patacoadas febris" ou "barbaridades dignas de um manatim com bócio" ou até "mais uma prova de que o André devia era estar a levar os choques eléctricos"...

Se querem que vos diga, esse vosso sentimento é tão absurdo como aplicar chão de tacos numa cozinha (aaahhh o regresso das analogias de bricolage...)

Pois reparem: ambas as cirurgias aumentariam as minhas potencialidades de uma forma considerável. Eu sei que "aumento" é palavra que não fica bem em qualquer frase relativa ao meu corpo. Sei bem disso. Mas neste caso os fins justificariam em muito os meios.

Se é verdade que isto do aquecimento global veio para ficar e que é a nova tendência do século XXI, então não tarda muito para que o oceano engula grande parte dos continentes. E não, não estou a referir-me ao antigo jogador do Sporting porque isso seria estúpido.

Se isto ficar tudo submerso, uma cauda de castor calha que nem ginjas! Não só me torna um autêntico torpedo a nadar, funcionando esta como remo, como ainda me permite aplicar um tabefe daqueles que aleijam a qualquer tubarão que me queira apresentar ao próprio esófago. É portanto arma e propulsor. E eu nem sequer estou a falar do efeito espectacular que uma cauda de castor dá no rabo de um indivíduo como eu e no quanto seria um sucesso entre as gajas. Penso que isso é um dado adquirido e é assunto que não merece ser sequer repisado.

Portanto: Eu + Cauda de Castor = Eu vivo enquanto vocês todos fazem tijolo num mundo pós-apocalíptico...

Penso que assim não restam dúvidas acerca de quão positiva seria esta intervenção.

Agora, as bolsas faciais eram uma história completamente diferente. Se a cauda de castor era, digamos, a sobrevivência do campeão, já as bolsas eram o prazer.

Com prazer não me estou a referir ao sexo (nem quero pensar que uso dariam certos fetichistas a estes apêndices corporais...). Estou a referir-me à minha capacidade de dar resposta a um estrondoso buffet de sushi.

Não vale a pena estarmos com cantigas: a minha aparência de, dizem alguns, "manatim com bócio" deve-se em muito a esta diabólica invenção. Neste momento, e sem nenhum orgulho, posso dizer-me responsável pelo extermínio de boa parte dos salmões e atuns deste planeta. Eu, que até gosto de bichezas... Mas talvez goste mais daquilo.

Sou doente por sushi. Tanto que gosto de seguir-lhe a filosofia, respeitar o propósito para o qual foi criado. Um tipo de comida tão delicado, tão delicioso, em que todos os ingredientes e sabores se mesclam num bailado suave e sensual só poderia ser apreciado de uma forma...

ÀS PAZADAS E À BRUTA!

Sendo assim tão culturalmente sensível, bolsas faciais como às dos hamsters são a única solução para que eu consiga comer ainda mais, assemelhando-me finalmente ao ogre sedento de peixe crú que estou destinado a tornar-me.

É que eu já topei os sacanas dos ratos. Os gajos enchem a mula à nossa frente, engolindo de uma assentada bagos inteiros de milho, sementes de girassol e outras iguarias e depois vão para um canto da gaiola vomitar tudo para comer como deve ser. Aquilo que a uns repugna, a mim inspira. E é assim que eu gosto de viver.

Estou agora a reunir apoios.
Duas operações destas envolvem custos elevados e alguma ilegalidade.
Como é um plano a médio prazo, para já não tenho pressa. É para se ir fazendo.

Assim como a bricolage.

Actividade que afinal não me tem tanto como talento impressionante mas sim como palhaço esforçado.

Mas não me preocupo porque tem um nome rabiças.

E eu se pudesse tinha uma cauda de castor.

3 comments:

Tiago Migueis said...

Eu voto nos choques eléctricos.

RitaNSampaio said...

como sabes partilho do teu desejo por uma cauda...sendo que a minha serviria para me equilibrar em árvores,em saltos, para abanar com muito glamour, para fazer cócegas...apesar dos aspectos funcionais, a minha tinha muito de estético e lúdico. :)

André Oliveira said...

Sim, é verdade Rita. Já falámos sobre isso, o que prova que este assunto não começou nem acabou aqui. :) eheh